A gente não sabe

Empreendedorismo Feminino 03/11/2021

A gente não sabe meninas 🌷

Por mais que estejamos com os pés dentro de outras histórias femininas, de outros negócios que não são os nossos e de outras vidas que assim também o são, a gente não sabe e jamais saberá o que se passa de verdade ali.

Seja naquela mulher ou naquela situação, não saberemos ao certo nunca.

Compreender isso e aceitar que cada mulher que cruza a nossa história é única, e por ser assim, tem escolhas tão só dela, tem me melhorado absurdamente. Eu sei o que eu faria se a agressão física chegasse no meu espaço, eu sei o que eu faria se a violência doméstica estivesse presente na minha casa, eu sei o que eu faria se o meu negócio estivesse em determinado patamar.

Nós só sabemos aquilo que diz respeito a nós mesmas e às nossas vidas. Suposições temos o tempo todo, mas saber de verdade não. Há alguns dias atrás uma mulher fantástica, que eu conheço, confiou em mim a sua angústia pontual. Um casamento de anos sucumbindo ao ego de um parceiro que não aceita mudar a rota. E ela segurando as pontas, se virando nos 100 para dar conta de tudo e ainda tendo que ser o alicerce dele. Eu jamais imaginei que esse casal estivesse passando por isso. Eu jamais pensei que aquela mulher tão incrível se colocaria nessa posição. E mais uma vez a vida me mostrou que a gente não sabe.

Vemos mulheres contando as suas histórias, lemos relatos fortíssimos de vidas partidas sendo refeitas, parece que ouvindo aquilo ali sabemos de tudo, do que elas sentiram, o que elas enfrentaram, da dor que as dominou, do medo que as sufocou, da forma quase desumana que foi dar a volta por cima. Mas a verdade é que o que enxergamos e pensamos, não passa de uma suposição.

Estamos tão calejadas enquanto mulheres, por uma série gigantesca de motivos, que “ACHAMOS” que o que a Maria enfrentou é bem parecido com o que a Antônia suportou.

Mas não é!

Somos rasas demais na cegueira que acreditamos ser visão de águia. Não temos esse poder de fazer a leitura da vida da outra, ainda que a outra more ao nosso lado. Por mais envolvidas que estejamos com essa outra história, com essa outra vida, ela não é a  nossa. Ela é da outra. E por assim ser, só saberemos aquilo que nos permitirem saber. E ainda assim, será de forma bem superficial. Porque nem a própria mulher que enfrenta todos os demônios em vida, e os infernos também, conseguirá descrever com exatidão tudo que ela passou.

A gente não sabe os motivos que são de cada uma. A gente não sabe as razões das lágrimas, dos sorrisos, das celebrações e das dores. A gente não sabe como é o poço de cada mulher, esse lugar que só ela visita, que por mais que sejamos convidadas a entrar, somos apenas uma visita. Quem desenha o poço, enxerga os detalhes dele, o vê de verdade, é a dona dele, não a visitante.

Precisamos parar de apontar os dedos para vidas e histórias que não são as nossas. Precisamos parar de gastar o nosso precioso tempo, confabulando soluções para problemas que não são nossos. Precisamos parar de bater no peito e dizer com a minha amiga foi assim, porque jamais saberemos se foi mesmo.

A gente não sabe nem da nossa própria vida direito, que dirá da vida de outra mulher, que tal qual como nós, escreve uma página da sua história todos os dias. E só essa mulher tem a posição de autora dela mesma, porque ainda que ela escreva parte disso hoje, ela pode arrancar, rasgar e reescrever de uma forma totalmente diferente do jeitinho que ela quiser.

A gente não sabe o que dói na outra, a gente acha que sabe, mas não sabe. Então coloque a sua empatia pra jogo, desarme-se e aprenda a caminhar na vida de outra mulher até onde ela permite. Só ajudamos e apoiamos as mulheres quando compreendemos e aceitamos de verdade quem elas são. Moldar não é o nosso papel, até porque os moldes também são individuais demais. Sejamos a mão que dá a mão, a voz que leva esperança e coragem, o exemplo que inspira e o ombro, quando tudo o que restar a outra mulher seja o choro. Porque a gente não sabe o que se passa de verdade dentro das histórias umas dás outras. Lembre-se: achar e imaginar não é saber.

Love, Lu.


Lu de Souza

Fundadora do Moeda de Troca, Empresária e atuante nas conexões femininas como uma ferramenta que muda seus negócios e vidas.

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